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Depressão, Ansiedade e Transtorno Bipolar

Diferença no diagnóstico entre Depressão, Ansiedade e Transtorno Bipolar

Entenda um pouco mais sobre esses transtornos e os métodos utilizados para diagnosticar cada um deles

Imagine a seguinte situação: um amigo ou familiar pede que você o acompanhe até o médico para se consultar por causa de uma “dor na coluna”. Ele sabe que está com dor e diz: “é nas costas”. Ele também conta que está tomando um medicamento para dor, que até alivia um pouco, mas que não tem resolvido.

Para surpresa dele e sua, depois de fazer algumas perguntas, o médico afirma que a origem dessa dor é uma infecção nos rins e que o tratamento correto é outro!

Situações como esta acontecem todos os dias e a causa dessa confusão é a dificuldade de comunicar coisas muito subjetivas.

Este tipo de situação é ainda mais comum quando uma pessoa sofre de Depressão, Ansiedade ou Bipolaridade – transtornos que são confundidos por muita gente, sabia?!

Por isso, uma definição errada de um problema pode resultar em uma procura inadequada pelo tratamento, ou até em algo ainda mais grave: fundamentar tratamentos errados que tem como consequencia desde a perda do efeito depois de tempo até a um agravamento progressivo do problema.

O GRANDE DESAFIO ESTÁ NA AVALIAÇÃO

Um desafio muito importante nas avaliações em saúde mental está na comunicação. Ou seja, em conciliar as definições entre o que uma pessoa leiga conta e o que o médico entende.

Como a saúde emocional ainda é um tabu na sociedade, pouco se discute sobre os problemas e como nomear essas sensações que são extremamente subjetivas.

É muito comum ouvir do paciente a seguinte frase: “Doutor, eu não sei como explicar isso que estou sentindo. É como se fosse...(e dá uma descrição ilustrativa do que está sentindo)”.  Em outras vezes, o paciente chega já com uma definição (leiga) do que está sentindo: “Doutor, estou tendo crises de ansiedade” ou “Estou com Depressão“.

O TERMOS LEIGOS SÃO DIFERENTES DOS TÉCNICOS

O problema é que, frequentemente, o conceito leigo é diferente do conceito técnico. Por exemplo: no sentido popular, o termo ansiedade é frequentemente usado para se referir à uma sensação de “pressa”, “urgência”, “impaciência” ou “agitação”. Mas, no sentido técnico, o termo ansiedadese refere à uma sensação de insegurança ou medo, que pode ou não estar associada à essa urgência.

Assim, quando a sensação de urgência ou pressa não vem acompanhada desta sensação de insegurança ou medo, é pouco provável que este seja um quadro clínico que melhore com o tratamento para um Transtorno de Ansiedade. É mais provável que se trate de alguma outra coisa, como por exemplo hiperatividade, TOC, depressão, esquizofrenia ou bipolaridade, entre outros problemas.

ENTÃO, O QUE PODE SER FEITO PARA MELHOR DEFINIR QUAL É O PROBLEMA?

Essa tarefa deve começar, antes de qualquer coisa, definindo se o que está acontecendo é realmente um problema de saúde emocional do cérebro ou se é uma reação emocional normal (Já falamos um pouco sobre esse assunto aqui).

Basicamente, para fazer isso, precisamos procurar por um conjunto de alterações no funcionamento do corpo, especialmente em funções básicas do cérebro, como: sono, apetite, energia, fluxo e controle dos pensamentos, intensidade das emoções etc.

Quando identificamos um conjunto de funções alteradas, e, portanto, um problema de saúde emocional do cérebro, precisamos dar o próximo passo: levantar as hipóteses de diagnóstico!

Como detalhamos neste outro artigo aqui, isso é feito entendendo como essas alterações de funcionamento, os chamados sinais e sintomas, se combinam e se manifestam ao longo do tempo.

Portanto, nesse processo de identificar os problemas de saúde emocional é importante a gente olhar a coisa toda de cima! Ou seja, buscar as emoções e os sintomas não só naquele momento, mas também em outros momentos da vida da pessoa como um todo.

PARA ENTENDER MELHOR:

Vou tentar explicar de uma forma ilustrativa:

Temos 4 emoções básicas na vida. Podemos sentir: 1) tristeza, desânimo e pessimismo; ou 2) medo, preocupação ou ansiedade; além disso, também podemos sentir 3) alegria, empolgação e entusiasmo; ou 3) sentir raiva e irritação.

Esses estados emocionais normais do cérebro são decorrentes e limitados a alguma situação específica na vida, são transitórios e não mudam o funcionamento do corpo.

Como já comentei anteriormente, dito de outra forma agora, um problema de saúde emocional do cérebro ocorre quando estas emoções normais aparecem acompanhadas de alteração nos níveis de energia e atividade das funções cerebrais. Esta alteração de energia e atividade se manifesta com os tais “sinais e sintomas” e acontece quando existe uma sobrecarga no funcionamento biológico do cérebro.

Como exemplo, imagine que você, tendo motivo ou não, começa a sentir uma tristeza que dura a maior parte do tempo durante alguns dias. Ao mesmo tempo, também começa a sentir uma apatia com a vida, um cansaço físico, dificuldade para controlar o sono ou o apetite, dificuldade para se concentrar ou para lidar com os pensamentos.

Se a emoção predominante neste período for “tristeza” ou “desânimo” esse é um quadro de Depressão. Já, se a emoção predominante for de “medo” ou “preocupação” é um quadro de Ansiedade.

Se a emoção predominante neste período for mais parecida com “tristeza, pessimismo ou desânimo” esse é um Episódio de Depressão. Já, se a emoção predominante for melhor definida como “medo, insegurança ou preocupação” é um quadro de um Transtorno de Ansiedade.

Estes problemas geralmente estão associados com um baixo nível de energia e atividade e o tratamento aqui é feito com medicamentos ou ações que tenham “efeito antidepressivo”. Ou seja, buscando um efeito de aumentar a energia e a atividade cerebral.

E ISSO É MAIS COMUM DO QUE VOCÊ IMAGINA!

Um período de depressão ou ansiedade acontece com 60% das pessoas em algum momento da vida!

Felizmente, a grande maioria das pessoas se recupera depois de 3 meses e volta a ter um funcionamento cerebral normal.

Porém, algumas pessoas (6 a 12% da população) por ter uma maior predisposição genética e psicológica, começam a ter crises repetidas, especialmente em quadros de depressão – Isso é chamado deTranstorno Depressivo Recorrente!

Em uma boa parte das pessoas, se investigarmos o passado, vamos poder identificar tanto alguns períodos de piora destas emoções e destes sintomas, como também períodos em que sentiam melhorar. Períodos em que passavam se sentido bem, vivendo com disposição, alegria, e sem estes sintomas que decorrem da diminuição de energia e atividade cerebral.

Em algumas pessoas, por exemplo, se investigarmos o passado, vai ser possível identificar os episódios de depressão e de ansiedade entre alguns períodos de melhora.

Mas é aí que mora o perigo! Precisamos ficar atentos a esses períodos de melhora. Em algumas pessoas (até 4% da população) estes períodos de melhora aparecem acompanhados de um aumento de energia e atividade cerebral que também produz alterações de funcionamento, ou sintomas.

Como exemplo, imagine uma pessoa com histórico de vários períodos de ansiedade, que recentemente teve um período de depressão. Agora ela começou o tratamento com antidepressivo e está se sentido melhor!

Ela conta que sente uma sensação de alegria com a vida que há muito temo não sentia. Agora que está melhor, quer tirar o atraso e fazer tudo o que deixou de fazer. Começou vários cursos, está planejando várias viagens e colocando em ação vários projetos antigos! Para dar conta de tudo isso, tem dormido pouco e apesar disso não sente cansaço! Também tem saído mais, procurado conhecer pessoas e fazer coisas novas. Os antigos amigos percebem que está mais comunicativa, falando mais, mais rápido e mais alto! Com bastante frequência tem sentido impaciencia e irritação com a “lerdeza” das outras pessoas!

Temos que ter muita atenção aqui: Isso não é uma melhora! É uma alteração de funcionamento emocional do cérebro que chamamos tecnicamente de Hipomania ou Mania Eufórica, e representa uma oscilação emocional que caracteriza o Transtorno Bipolar. Esse diagnóstico, pode ser dividido em dois tipos principais:

Tipo I, quando essa euforia as vezes chega a ser forte e facilmente perceptível;

e tipo II quando ela é sempre discreta e nunca fica forte. Sem uma investigação ativa da parte do profissional, esses períodos dificilmente são identificados, já que essa melhora não é vista como um “problema”.

A identificação dessa diferença entre esses quadros é importante, porque o tratamento é diferente. Diferente do tratamento da Ansiedade e da Depressão que utilizam antidepressivos, no Transtorno Bipolar devemos evitar esses medicamentos e usar os chamados Estabilizadores do Humor. Não só para melhorar rápido do quadro, mas principalmente para evitar que ocorra uma piora ao longo do tempo. Mas isso é assunto que merece um texto específico para explicar!

CONCLUINDO….

O diagnóstico dos problemas de saúde emocional deve ser feito identificando o conjunto de “sinais e sintomas”, ou seja, das alterações de funcionamento do sistema nervoso, tanto no momento atual quanto no passado.

A Depressão é caracterizada por um período de predomínio emocional de tristeza ou desânimo, acompanhada de diminuição do nível de energia e de “sinais e sintomas” como alterações no sono, no apetite, na concentração, nos pensamentos, entre outros.

 A Ansiedade é caracterizada por algo muito parecido, mas, ao invés da tristeza ou da falta de vontade, a emoção predominante é a preocupação, o medo ou a insegurança.

Já a Bipolaridade é caraterizada quando se identifica, no momento atual ou no passado, um período de pelo menos alguns dias de Alegria, Euforia ou de Fúria, Raiva, acompanhados do aumento do nível de energia e de alterações de sono, apetite, concentração, pensamentos etc.

Uma investigação detalhada para diagnóstico é importante porque é isso que vai orientar a escolha de um tratamento que possibilite melhor resultado no longo prazo. E assim, recuperar a liberdade de controlar suas emoções, seu comportamento e transformar o mundo seu redor!

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