O radicalista possui uma visão unilateral e rígida dos acontecimentos e isso pode ser sinal de doença psiquiátrica. Entenda o porquê
O Talibã invadiu o Afeganistão e assumiu novamente o controle do país, após o fim dos 20 anos em que as tropas norte-americanas ocuparam o local. Muitos acreditam que a vida no país seja transformada radicalmente, ainda que o grupo fundamentalista diga que “pegará mais leve” desta vez. Minorias étnicas, mulheres e grupos religiosos temem por sua segurança. Esse medo se dá pelo histórico de desrespeito do Talibã aos direitos humanos – fruto de um radicalismo extremo, com desdobramentos históricos.
Esse episódio trouxe de volta à pauta temas como radicalismo e o fanatismo. Não queremos fazer um paralelo ao que acontece no Afeganistão, mas refletir sobre esses assuntos e mostrar que a adesão de pessoas a esses movimentos extremistas, com a justificativa de se identificarem com tais ideologias, pode ser um sinal de alerta.
O radicalismo e o fanatismo, em pleno ano de 2021, no sentido filosófico, podem ser definidos como doutrinas que pregam o uso de ações revolucionárias que visam a transformação da sociedade. Porém, para a psiquiatria, essa adesão pode ser resultado de uma rigidez e impermeabilidade cognitivas, ou seja, tal apreço por movimentos radicais pode ser um delírio impermeável à argumentação lógica.
Então, o radicalismo, bem como o fanatismo, podem ser a manifestação de um problema mental?
Sim, pode! E nem estamos falando só de pessoas que entram para grupos radicais ou que praticam atos terroristas. Mas também de pessoas que, no dia a dia, podem apresentar comportamentos estranhos ou exagerados, o que pode ser sinal de alguns sintomas de doenças psiquiátricas. O radicalismo, normalmente, vem depois do fanatismo. O indivíduo passa a seguir um sistema ou doutrina, cuja dedicação é extrema. Ao se tornar fanático, suas atitudes se tornam extremamente radicais.
O cérebro passa a dar sinais de intransigência, obstinação e a pessoa não aceita qualquer questionamento – semelhantemente a um tipo de compulsão. Há casos em que as pessoas que aderem a grupos radicalistas tornam suas ações tão intensas que saem da realidade com delírios, crenças etc, passando a obedecer regras que não seguem mais a razão, mas sim um delírio instalado.
Conforme citado, as atitudes de uma pessoa fanática são marcadas por um radicalismo extremo e por absoluta intolerância em relação a todos os indivíduos que não compartilham as mesmas predileções. O doente psiquiátrico que adere ao radicalismo apresenta uma visão de mundo unilateral e rígida, além de cultivar uma bifurcação para o bem e o mal, sendo que o mal sempre está naquilo ou naquele que contraria seu modo de pensar. Em virtude disso, pode chegar a um extremo perigoso, incluindo o uso da violência para impor seu ponto de vista.
Segundo o Dr. Diego Tavares, psiquiatra, o fanático radical pode ser uma pessoa do nosso convívio cotidiano, não necessariamente fazer parte de um grupo como o Talibã, por exemplo. “Essa pessoa pode ficar oculta até que seja colocada numa situação em que se vê questionada ou que encontre oposição às suas ideias”.
Se você conhece alguém que percebe estar enveredando por esse caminho, mantenha-se em alerta e, se puder, tente orientá-la a buscar ajuda.