As tarjas das medicações ajudam a entender qual o tipo de controle deve haver na comercialização
Oi, como está? Espero que bem!
Periodicamente, reservo um tempo para escrever e esclarecer algumas dúvidas sobre as doenças emocionais do cérebro, também chamadas de doenças psiquiátricas, e a melhor forma de superá-las com tratamentos, medicações, diagnósticos, acompanhamentos, monitoramentos etc. Um dos assuntos que merecem esclarecimento são as famosas medicações com “tarja preta”, que ganharam uma fama equivocada ao longo de anos e anos.
Quem nunca ouviu: “nossa, tal pessoa toma remédio tarja preta”! Como se fosse um bicho de sete cabeças. Fato é que esse tipo de comentário mostra muita desinformação a respeito do assunto. Por isso, estamos aqui! Vamos falar sobre isso? Continue lendo…
Orientações básicas
Primeiramente, todos os medicamentos com tarja precisam de indicação e acompanhamento médico para sua utilização. Diferente dos Medicamentos Isentos de Prescrição que são vendidos livremente nas gôndolas da farmácia.
Já a cor da tarja refere-se ao grau de controle sobre aquela substância.
Aqueles com tarja vermelha precisam de indicação e acompanhamento médico e, para alguns, é necessário que a receita fique retida e registrada na farmácia.
Já os medicamentos com tarja preta têm essa tarja por exigir um controle muito maior para sua utilização. São comprados apenas com receitas amarelas ou azuis, que exigem um controle do profissional que as prescreve também. Essas medicações, diferente daquelas com tarja vermelha, exigem todo este controle porque “podem de causar dependência”.
Apesar deste potencial nocivo, essas medicações são importantes no tratamento de problemas emocionais do cérebro, os chamados problemas psiquiátricos, já que podem aliviar o sofrimento de forma rápida, muitas vezes imediata.
No tratamento medicamentoso dos problemas de saúde emocional do cérebro, geralmente as medicações que irão resolver o problema de forma definitiva, não agem imediatamente. Ao contrário, costumam produzir uma melhora lenta e gradativa ao longo de várias semanas até que o problema fique definitivamente sob controle. Essas medicações não causam dependência e são aquelas que tem a tarja vermelha.
Assim, como a medicação principal para o tratamento demora para produzir um efeito benéfico, precisamos por um curto período, usar uma outra medicação que possa proporcionar conforto e aliviar o sofrimento de forma imediata. Estas medicações, exatamente por possuírem um efeito imediato, têm potencial de causar dependência. São essas que possuem a tarja preta.
Dependência?
A preocupação com “dependência” de medicamentos é legítima! A dependência decorre principalmente do uso incorreto das medicações com tarja preta. Por exemplo, quando o diagnóstico é incorreto ou impreciso, o tratamento de longo prazo tem menos chance de produzir o resultado esperado. Com isso a pessoa acaba usando a medicação tarjada por mais tempo – e é exatamente isso que causa a dependência. É importante esclarecer que fazer uso da medicação tarja preta de forma correta, por períodos curtos e com acompanhamento do psiquiatra, não causa dependência. Por isso, a MentalMe sempre alerta a respeito da importância do diagnóstico assertivo e precoce.
Sintomas quando há dependência
Quando acontece o que acabamos de falar, sobre o diagnóstico errado, que leva a um tratamento ineficaz e ao uso exagerado dos remédios tarjados, a pessoa pode se tornar dependente da medicação. Neste sentido, existem algumas coisas que caracterizam a dependência:
1. Abstinência: na falta da medicação, a pessoa dependente apresenta quase que de imediato, sintomas físicos e emocionais de abstinência. Entre eles, apatia, irritabilidade, alterações no sono e mudança no apetite.
2. Aumento progressivo da dose: o paciente que se tornou dependente do medicamento tarjado sente depois de algum tempo, que precisa de doses cada vez maiores para atingir a mesma sensação que antes. Isso leva a falta de controle total sobre a quantidade do uso.
3. Problemas sociais na procura pela substância: tanto para poder usar a medicação quanto por conta dos efeitos causados pela dependência, a pessoa tende a abandonar suas atividades diárias, entre elas, trabalho, estudos, vida social etc.
Uso contínuo e correto da medicação para tratamentos
Ao contrário dos remédios de tarja preta, as medicações de tarja vermelha não causam dependência. Utilizando-as, o paciente não apresenta sintomas de abstinência de forma imediata sem o uso. Se fica sem a medicação, a pessoa pode apresentar uma recidiva do problema de saúde depois de alguns dias sem o tratamento, o que não significa abstinência.
Também não apresenta necessidade de aumento progressivo da dose se o diagnóstico estiver correto. Quando o quadro está controlado, a pessoa não tem necessidade de aumentar a dose. Ao contrário disso, é possível até partir para uma redução da quantidade e dependendo do tipo de quadro, até suspender o tratamento.
O uso da medicação de forma correta passa de forma natural pela vida da pessoa, como acontece com outros tratamentos médicos. Depois de tudo, ela não busca medicação por conta própria, não há essa necessidade. E também ela não sente a necessidade de abandonar suas atividades por conta do tratamento. Diferente disso, com uma plena recuperação, o paciente mantém sua rotina e atividades com sucesso, de forma mais produtiva e eficiente.
Desmistificar é preciso!
Toda medicação apresenta prós e contras. É importante que seu uso produza sempre mais efeitos vantajosos do que prejudiciais. O melhor custo/benefício com qualquer tratamento só é obtido com um uso correto e bem indicado da medicação.
Medicações tarjadas só tendem a dar errado se não forem usadas de forma correta com indicação de especialistas. E mais ainda, quando o diagnóstico não é preciso.
Procure por ajuda especializada e não tenha medo do caminho para recuperar a liberdade para ser feliz!